O Conto da Medusa

Prólogo do Livro

      Há muito tempo, em um tempo em que o próprio tempo esqueceu-se de lembrar, havia um planeta muito longe de nós, mas ainda assim muito parecido com o nosso.
      Era um planeta azul com continentes e vários países, os seres que lá viviam estavam acabando com todos os recursos naturais de seu planeta, poucas florestas haviam restado e isso fez com que as temperaturas do mundo inteiro subissem.
      Os continentes que pareciam estar estáticos começaram a se mover de forma absurdamente rápida e mais ou menos uma vez por ano algum continente se chocava e destruia um pedaço considerável de si mesmo no choque, as pessoas tinham de sair das regiões costeiras e vários morriam quando isso acontecia.
      O movimento de translação do planeta estava totalmente fora de qualquer padrão tendo anos em que um ano se completava em 120 dias e outros que se demorava 760 dias para completar a volta em sua gigante estelar.
      As calotas polares então se derreteram, graças ao efeito estufa, e causaram várias enxentes por todo o planeta até que chegou a um momento onde todos tiveram que ou viver em casas submarinas ou aerocasas, que eram casas presas a postes que se elevavam de acordo com o nivel que a água alcançava.
      Todos os povos de lá, então, começaram a procurar novos planetas onde houvesse um biosistema compatível para se viver ou para extração desses mesmos recursos, os países mais ricos começaram uma busca destes novos lares enquanto os mais pobres esperavam por receber alguma "esmola".
      Essa não era apenas uma luta por sobrevivência mas aquele que achasse um planeta primeiro provavelmente se tornaria o país mais potente do planeta; então após muito procurar eles acharam a Terra.
      Um planeta bem novo, com pouco mais de quatro bilhões de anos, os recursos naturais eram quase intocados. Água, frutas, animais; todos em abundância era definitivamente o planeta perfeito para ser colonizado, porém era muito longe.
      Começou-se então uma corrida espacial para se criar um veículo capaz de fazer a viagem até o planeta Terra com sucesso.
      A primeira viagem falhou desastrosamente a nave entrou na nossa atmosfera e queimou-se toda, caiu no planeta como um cometa e destruiu vários seres que haviam na Terra, dentre eles os dinossauros, uma verdadeira pena, pois eles queriam muito estudar estes seres que no planeta deles também havia sido extintos.
      As viagens só começaram a ser bem sucedidas quando uma nova tecnologia foi criada, a viagem através do vazio, a nave era capaz de abrir um vórtice no espaço deixando um vão na matéria, esse vão fazia com que a nave voasse muito mais rápida pois percorria o caminho através do vacúo, completando a viagem em um tempo inacreditável.
      Vários países vieram de lá para colonizar o nosso planeta, com medo de que uma guerra se iniciasse por causa da divisão de territórios e para manter a ordem, os lideres de cada país extraterrestre assinaram um tratado no qual dividiam a Terra em partes iguais para todos.
      Os extraterrestres eram extremamente poderosos se comparados a nós, eram verdadeiras armas vivas, muito mais poderosos do que qualquer ser humano poderia imaginar ser.
      Eles tinham dons que seriam considerados hoje em dia como de superseres: telecinése, precognição, superforça, supervelocidade, criação e geração de elementos, mas para eles era algo comum. Cada ser com seus dons e suas particularidades.
      Quando esses povos vindos do céu e com poderes extraordinários chegaram na Terra acabaram sendo adorados como deuses nas regiões em que pousaram e assim nasceram os deuses de mitologias conhecidas no mundo até hoje; deuses gregos, nórdicos, maias, egípcios entre outras.
      Os alienigenas acharam uma boa ideia usar desta máscara no planeta, pois isso ajudaria-os a colonizar mais facilmente, agora os humanos serviam a eles, então seriam um empecilho a menos para a colonização.
      Com o tempo os extraterrestres foram se tornando mais mesquinhos e orgulhos, esquecendo-se de sua tarefa de conquistadores e colonizadores para se tornarem verdadeiros deuses na Terra.
      Arrogantes; eles usavam os terráqueos como marionetes, brincavam com suas vidas, se divertiam com suas tristezas, roubavam suas alegrias, abusavam de seu sexo. Não tardou para que surgissem as primeiras miscigenações entre terráqueos e os alienigenas.
      Seres poderosos como seus pais, mas pela mistura com a raça pouco evoluída acabavam sendo mais fracos e assim, ainda de forma inculta, foram estes seres conhecidos como semideuses.
      Todos os povos alienígenas tinham seus próprios problemas para se preocupar ou já haviam evoluído o suficiente para não precisarem guerrear com povos vizinhos, exceto o nórdico e o grego.
      Esses dois países eram eternos rivais, guerrearam várias vezes durante a história de seu planeta e uma guerra pela colonização no planeta Terra seria somente uma desculpa para voltarem a lutar.
      O general grego Zeus, comandante de sua viagem, incitava e provocava para que a guerra ocorresse logo, ele era um homem da batalha e estava cada vez mais sedento por esta, porém o general nórdico Odin não queria a guerra, ele acreditava que os dois povos podiam viver harmoniosamente, mas Loki seu oficial imediato a queria e a queria muito.
A última tentativa

      Odin contempla as montanhas de Asgard, o vento faz seus cabelos e barbas prateadas esvoaçarem.
      Ele era um homem alto e musculoso, tinha cabelos compridos e prateados com uma barbas longas da mesma cor, seu detalhe pessoal era o fato de ele usar um tapa-olho, olho este perdido em uma batalha por sabedoria, na qual deixou desprotegido seu olho em um golpe desesperado de sacrificio, de forma que pudesse sobrepujar o adversário e conseguir o conhecimento que queria graças à sua vitória.
      Ele teve que deixar o inimigo arrancar seu olho para que pudesse dar o golpe fatal, isso mostrava bem quem ele era; Odin não era um homem bom, mas também não era um homem mal, ele era um exímio guerreiro, não gostava de lutar mas quando lutava o fazia até conseguir vencer.
      Odin trajava uma armadura dourada com detalhes feitos em metal branco, nas suas costas repousava sua lança, a Gungnir, sua arma de guerra tão poderosa quanto seu dono.
      Apressado; andando rápido pelos corredores fazendo sua capa bater no chão vinha Loki a passos rápidos e impacientes.
      Ele era um homem menor que Odin e bem menos musculoso, ele conseguia suas vitórias pela esperteza e não pela força, tinha cabelos loiros bem claros, quase brancos compridos até a linha final do pescoço e eram bem lisos e pareciam sedosos, mas era um cabelo bagunçado e desalinhado escondido embaixo de seu elmo de guerra.
      A armadura de Loki era negra com detalhes prateados que formavam pequenas serpentes na armadura, se você não ficasse encarando a armadura de Loki enquanto conversava com ele poderia jurar que as cobras se moviam ora pelo seu corpo ora tentando morder quem se aproximava da armadura, toda vez que perguntado ele sempre respondia: "E como você sabe que não se movem?".
      Ele tinha os olhos penetrantes e verdes brilhantes de forma que alguns diziam que no total breu seus olhos funcionariam como dois faróis de tão forte que era sua cor, eram realmente lindos demonstravam que ele era inteligente, perpicaz e que não deixava nada passar por sua visão.
      Sua boca e olhos eram envoltos por um tom vermelho cor de sangue, a boca tinha um pequeno corte, era muito dificil o ver sorrir, mas de vez em quando gargalhava, era alguém totalmente fora dos padrões nórdicos na forma de pensar, pois não era um guerreiro e sim um estrategista.
      Era bem pálido para alguns ele parecia morto de tão fúnebre que era o tom de sua pele.
      Por valorizar muito mais a inteligência do que a capacidade física, não gostava de lutar, mas dessa vez era diferente.
      - General Odin? - chama Loki, quando chega no templo onde Odin está fazendo sinal de reverência quando chega na frente do general.
      - Sim, o que deseja Loki? - diz o general virando-se para ele.
      - Porque ainda estamos parados? Porque ainda esperamos para atacá-los?
      - É realmente estranho, você que é considerado um dos deuses mais pacificos querendo tanto lutar. Você é realmente intrigante, Loki. É Realmente intrigante. - repete Odin voltando a apreciar a paisagem.
      - Nós não somos deuses, isso é apenas uma máscara para estes insetos deste planeta, quando estamos somente entre os nossos essa formalidade torna-se totalmente desnecessária.
      - Nós viemos para este planeta para estudar o meio ambiente, ver se ele um dia poderá servir de para ser o nosso novo lar, não viemos somente para colonização da área, mas também podemos salvar esse povo.
      - E porque não estamos fazendo isso? Nosso povo somente se aproveita para usurfruir de tudo que esta terra pode lhes dar, eles esqueceram da nossa missão.
      - Não é bem assim, temos que ter muita cautela com tudo que fazemos, principalmente ao tratarmos com os humanos.
      - Eles são os natimortos deste planeta. Deixaremos este mundo tão tolo e tão malvado como quando o encontramos. Não se esqueça, General que não somos somente nós que estamos na empreitada de colonizar este planeta! Existem outros colonizando outras áreas.
      - Os gigantes de gelo...
      - ELES NÃO SÂO GIGANTES DE GELO! - se irrita Loki - General, eles são conquistadores, como nós, são nossos rivais, quantas vezes já não lutamos contra eles? Você se esqueceu quantas vezes lutamos lado a lado contra esses malditos?
      - Não, não me esqueci, mas agora a questão é muito diferente, Loki. Eu sei que eles não são gigantes de gelo, mas ao mesmo tempo são... - diz Odin calmamente com um sorriso franco para Loki que parece bastante transtornado, Odin bebe um gole de seu hidromel, limpa sua barba prateada e volta a olhar para o horizonte - eles são gigantes para nós assim como nós somos os titãs para eles.
      - Inimigos desde sempre, os outros povos colonizadores são mais pacíficos ou estão preocupados com seus problemas, mas nós e eles não somos. Iremos cedo ou tarde acabar guerreando, isso é óbvio!
      - Não só é óbvio como isso é o Ragnarök, o crepúsculo dos deuses profetizado. Nós não iremos começá-lo. Há um tratado que divide esse planeta e nós iremos respeitá-lo!
      - Se nós não começarmos, eles começarão por nós e talvez acabem, assim como foi no nosso planeta.
      - Então guerrearemos quando a guerra chegar a nós. Já temos os nossos problemas internos para nos preocupar. Seu filho, Fenrir é um exemplo - um dos dons de Loki era o de amplificar os animais, ele desenvolvia de forma inacreditável as aptidões dos animais fazendo-os tornarem-se sombras monstruosas e gigantes do que foram um dia e os adotava como filhos. Fenrir era um deles, um lobo comum que com o dom de Loki foi transformado em um monstro de cinco metros de altura por oito de largura - os profetas já avisaram que no Ragnarök eu seria assassinado por esta besta e todas as correntes que tentamos até agora não foram capazes de prender a fera nem por um instante.
      - Isso não é um grande problema, esses velhos profetas passam mais tempo se deliciando com as humanas e se fartando de comida e bebida do que realmente profetizando, não me surpreenderia se eles errassem suas profecias.
      - Não fale mal de nossos profetas, eles tem nos servido muito bem desde a nossa chegada.
      - Você não demora a defender os profetas, mas quando Zeus invade nosso território e viola uma de nossas mulheres chegando ao ponto de engravidá-la a única atitude que o nosso general toma é encobrir o caso.
      - Heimdall tem sido de grande valia, tem protegido os portões de Asgard muito bem de todos os perigos que se aproximaram. Ele é um poderoso vigia e é um ótimo guerreiro, saímos lucrando. Não vamos entrar em uma batalha por causa dele e sua mãe não se sentiu nenhum pouco violada por Zeus.
      - Então é isso? O grande General Odin esperará que a batalha chegue até ele? - diz Loki estupefato.
      - Iremos respeitar o tratado. - finaliza Odin.
      - Você que sabe - diz Loki indo embora bastante irritado - ou não.

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