Uma vida vazia... eu apenas quero companhia. Eu vivo de lembranças, não minhas, mas ainda assim lembranças. Algumas são tristes, outras felizes, mas para mim todas são tão saborosas...
Eu ganhei essa maldição graças a um crime cometido por um deus. Fui violentada por Poseidon, traída por Athena e transformada em um monstro.
Sou uma vampira de almas, me alimento dos sonhos e das vivências dos guerreiros que vêm aqui me matar.
Mal sabem eles que já estou morta. Morri no dia que Poseidon me violentou, só esqueceram de avisar ao meu corpo.
Hoje sou Medusa, meu olhar arranca a vida de qualquer um, deixando somente o molde de barro do qual ele foi feito.
Meu único prazer tem sido sugar a alma de quem se aproxima de mais.
Cada lembrança tem seu sabor, o homem que anseia em rever sua amada, o ganancioso que deseja conquistar o mundo utilizando o poder de meu olhar, aqueles que só querem usar meu poder para salvar seu povo de alguma tirania.
Por mais que este seja meu único prazer, também é meu maior sofrimento. Não gosto de saber que sou a responsável por tantas mortes, perto da caverna onde me mantenho escondida há várias estátuas de pessoas que eu petrifiquei, formando um verdadeiro jardim de pedras nesta floresta.
Me sinto sozinha, mas não há como isso mudar, qualquer pessoa que se aproxime de mim, morre somente ao olhar para meus olhos. Às vezes acho que só vivo a espera de minha morte.
Era mais um dia comum na caverna em que Medusa vivia, ela por ser algo místico não precisava comer nem beber, seu único alimento eram as almas de quem olhava em seus olhos.
Mas aquele dia seria diferente, Medusa ouve um barulho próximo a sua caverna e decide que o melhor a fazer era ir vistoriar, fazia algum tempo que ela não se “alimentava”.
Medusa sai de dentro de sua caverna e olha para todos os lados, procurando a origem do som e então repara em um homem sentado em uma pedra, um homem toca uma harpa graciosamente, ela lambe os lábios e seus caninos, como se estivesse se preparando para devorá-lo, se aproxima devagar de sua presa e pula para frente do homem olhando-o fixamente. O homem continua tocando serenamente e sorri para ela.
- Olá, veio apreciar minha música?
Medusa se aproxima do rapaz e olha compenetrada nos olhos, imaginando que talvez sua maldição tenha acabado ou que ele seja um deus disfarçado ou alguma coisa do tipo.
- Olhe nos meus olhos! - exclama ela.
- Oh, é uma dama! Eu sou Menelau, sou músico e dos bons posso lhe garantir, mas infelizmente, minha cara, não posso olhar em seus olhos...
- Por quê? - pergunta ela ainda tentando fazê-lo olhar.
- Para meu azar, os deuses levaram o brilho dos meus olhos quando nasci.
- Você é cego?!
- Sim, bela dama. Não posso ver você, o que realmente é uma pena, pois você deve ser linda.
Menelau nem imaginava o quanto.